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Não é que eu seja grande conhecedora de provérbios, mas há uns bem sábios e intemporais. Este encaixa que nem uma luva na situação de que eu vos queria falar hoje: água mole em pedra dura… tanto dá até que fura.

Temos cá em casa dois filhos com um feitio às vezes não muito fácil. Não é que os filhos sejam selvagens ou malcriados, mas são crianças que sabem o que querem e sabem ainda melhor demonstrá-lo (não me entendam mal: ao mesmo tempo são um amor de menina e menino). Dizem que a genética também tem aqui um papel fundamental, mas essa conversa fica para outra altura e vamos ao que interessa hoje.

Tenho dias em que me sinto, e chego a expressá-lo em voz alta, como um autêntico papagaio! Digo as mesmas coisas vezes sem conta e parece que ninguém me ouve: “Come de boca fechada”, “tira os cotovelos da mesa”, “quando chegas a qualquer lado cumprimenta as pessoas, nem que seja ‘bom dia’” (não sou apologista de obrigar a dar beijinhos a toda a gente), “já agradeceste?”… e por aí fora. Sei que estes comportamentos são aprendidos maioritariamente através do exemplo dos pais, mas às vezes é preciso reforçar.

Se há alturas em que ando cheia de força e não me escapa uma situação, há outras em que só me apetece baixar os braços e desistir a pensar “não vale a pena, eles nunca aprendem!”. Aí entra o pai que reforça a educação ou o conselho e não me deixa desistir. Também acontece ao contrário, porque o casamento é mesmo assim, ir dando diariamente força um ao outro, mesmo quando parece que nada adianta.

Apesar de todos os exemplos, de todos os reforços e de todas as explicações, o filho mais novo (diga-se em abono da verdade que estas situações são mais frequentes com ele do que com a filha) às vezes ainda se esconde entre as nossas pernas e se recusa a cumprimentar ou então amarra o burro e não quer agradecer ou faz simplesmente o contrário daquilo que lhe dizemos para fazer. Nessas alturas suspiro para me encher de paciência e lá vou eu ou o pai tentar resolver a situação da melhor forma possível.

No outro dia, ao sair de uma festa de aniversário de um amigo dissemos ao filho para se ir despedir dos pais e do amigo e agradecer. E ele foi…  e disse “adeus e obrigado”! Eu e o pai trocámos um olhar cúmplice e orgulhoso do nosso trabalho e lá saímos os quatro da festa, todos contentes a conversar sobre como correu em vez da habitual conversa de como é importante sermos educados…

Depois desta conversa toda, queria vos deixar algumas ideias que ficaram aqui a pairar na minha cabeça. A primeira é que água mole em pedra dura tanto dá até que fura. Se formos persistentes e consistentes na educação que damos aos nossos filhos, ela fica lá. Apesar de às vezes parecer que não nos ouvem, pode até não ser verdade. Por isso, o importante é não desistir e fazer uma frente unida, ou seja pai e mãe têm que fazer passar as mesmas regras, atitudes e comportamentos. A segunda é que se podemos deixar alguma coisa realmente importante nesta vida para os nossos filhos é uma boa educação e formação (e não me refiro só à escolar), dar-lhes valores cívicos, morais e éticos. Essas vão ser as suas melhores ferramentas para a vida.

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Não me considero mãe galinha. Sei que nunca somos bons juízes de nós próprios, mas acho que até consigo ser uma mãe relativamente descontraída. No entanto, às vez20160224_083814.jpges tenho a tentação de facilitar um pouco as coisas para os filhos, de fazer as coisas por eles ou deixá-los  tomar o caminho mais fácil. Mas sei que não posso. Das coisas mais importantes que lhes podemos dar nesta vida (além de bons valores como cidadãos e seres humanos e de uma boa formação académica) são ferramentas essenciais para a vida. Cada individuo, como mãe ou pai, tem que descobrir quais são as que quer pôr na “caixa de ferramentas” dos seus filhos.

 

Daquela vez que ouviram um ralhete a chorar por já estarem arrependidos da asneira que fizeram, mas ouviram na mesma; daquela vez em que o obriguei a20160224_083638.jpg devolver um brinquedo que tinha trazido da escola que não era dele e a pedir desculpa, mesmo quando ele se agarrava à minha perna porque não o queria fazer; daquela vez em que foram para a cama sem jantar porque se recusaram a comer o que veio para a mesa; naquele primeiro dia na escola nova em que a deixei de lágrima no canto do olho e eu prometi com um sorriso na cara que tudo ia correr bem, mas passei o dia todo com o coração apertado de tanta preocupação; de todas aquelas as vezes em que tive de os incentivar a andar para a frente quando só me apetecia puxá-los para bem perto de mim; de todas as vezes que tive que ralhar quando só me apetecia abraçá-los; de todas as vezes que disse que não quando o meu coração de mãe gritava que sim, não foi fácil. Tenho a sensação que me custou mais a mim do que a eles!

Para mim, o maior desafio como mãe é não tirar todas as pedras do seu caminho, mas sim ensiná -los a percorrê-lo e desviarem-se. Nem sempre é fácil, mas acredito que é um investimento. Um investimento a curto e a longo prazo, do qual já começamos a colher os seus frutos e, tenho a certeza, continuaremos muitos mais anos.

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