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As aventuras de uma família de 4 pessoas que na maior parte da vezes têm energia a mais e tempo a menos! “Há tempo para tudo, tem que haver. É o que tu dizes sempre, Mãe...”
Quem me vai seguindo por aqui sabe que uma das minhas paixões é cozinhar! Adoro descobrir e experimentar pratos novos e diferentes. Quem diz pratos, diz sobremesas, tudo… Tenho imensas receitas, algumas antigas de família, outras que vou descobrindo pela net. Também adoro partilhar receitas e dou a toda a gente que me pede e não escondo nada. Mas tenho muita dificuldade em seguir uma receita do princípio ao fim, à risca. Altero sempre uma quantidade, acrescento ou retiro um ingrediente. Adapto aos gostos e necessidades cá de casa.
No fundo, vivo a minha vida como cozinho! Estranho? Não! Leiam com atenção! Quando estamos grávidas ou com um bebé acabado de nascer temos tendência a ler muitos livros sobre o tema e, mais recentemente a procura-la na internet (quando a minha filha mais velha nasceu ainda não havia este boom de informação sobre parentalidade na net). Muitas pessoas vêem ter connosco cheias de boas intenções com conselhos e dicas. Não sei se vos aconteceu, mas eu às vezes parecia que tinha a cabeça a explodir com tanta informação sobre o que tinha que fazer, como e quando! E logo eu com uma licenciatura em educação de infância a alguns anos de experiência profissional na área!
Como já disse anteriormente, gosto sempre de dar um toque pessoal às receitas de culinária. Na educação e na parentalidade passa-se o mesmo. Tenho muita formação ligada ao tema, gosto de ler e de me actualizar sobre o assunto, mas depois dou sempre o meu toque pessoal. Isto porque as dicas e conselhos dos amigos e família são apenas isso e por terem servido para eles não quer dizer que sirvam para mim. Os autores de livros sobre o tema e a informação que lemos na Internet é escrita para um vasto público, para ninguém em específico. Como tal, pode servir para algumas pessoas, mas nunca para todas pois cada família é única e individual nas suas características e cada criança é uma criança.
Ao passar os olhos pelofacebook e afins vejo imensosposts a dar ordens: tens que fazer assim, tens que brincar todos os dias, tens que fazer comida saudável, tens que saber como foi o dia, tens que contar história da noite, fora tudo o resto que tens parafazer… é esgotante chegar a todo o lado. Além disso, se não temos cuidado passamos a ser robots automatizados a fazer tudo como mandam as receitas dos livros e dos entendidos no assunto e perdemos o impulso natural e o instinto. É claro que é bom ter informação, estar preparado, mas também é preciso ler as coisas com um “filtro” e perceber o que se adapta a nós e ao estilo de parentalidade que queremos praticar e o que não se adapta.
Se educarmos com naturalidade e alguma espontaneidade temos menos hipóteses de que a coisa corra mal do que se tentarmos fazer tudo o que no mandam e estivermos sempre preocupados em preencher todos os requisitos para ser um bom pai ou mãe. Se hoje não correr tudo bem… amanhã correrá melhor! Um dia de cada vez com amor, carinho, muito bom senso, espontaneidade e uma grande dose de paciência!
No outro dia tive um encontro imediato com a seguinte citação: “E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?” (José Saramago, A Maior Flor do Mundo). Comecei automaticamente a fazer associações na minha cabeça e lembrei-me das fábulas para crianças (composições literárias, mais conhecidas como histórias, normalmente curtas e escritas em prosa ou em verso, as suas personagens são animais que têm características humanas, estão muito presentes na literatura infantil e normalmente têm um carácter educativo ou uma moral). Estas sim deviam ser lidas e relidas pelos adultos!
Lembrei-me em particular de uma fábula deEsopo (escritor da Grécia antiga a quem são atribuídas várias fábulas populares mas de quem não se sabe muito da sua vida) chamada O Menino, O Velho e o Burro:
Era uma vez um homem que tinha um filho e um burro. Decidiram viajar e conhecer o mundo. Assim, foram os dois e o seu burro. Ao passar pela primeira povoação todos comentaram: “Vejam que menino mal educado; em cima do burro e o pobre pai, a puxar as rédeas.” Então o homem pensou: Vou deixar que as pessoas falem mal do meu filho? E resolveu tirar o menino para subir ele a cavalo no burro. Ao passar pela segunda povoação todos comentavam: “Pobre filho que vai a pé já cansado e o pai muito confortável no burro!” Decidiram então em ir os dois a cavalo no burro e começaram novamente sua peregrinação. Ao chegarem à povoação seguinte, todos comentavam : “São mesmo umas bestas, será que não vêm que podem fazer mal ao pobre animal!” Por último, decidiram descer os dois e andarem ao lado do burro. Mas, ao passarem pela povoação seguinte, ouviram dizer : “Vejam só estes dois: a andar quando têm um burro que os poderia levar...
Como vêem, faças tu o que fizeres há sempre alguém que vai comentar, criticar, opinar e fazer muito melhor. Por isso, faças tu o que fizeres, segue o teu coração e o teu instinto... O que tu pensas, fazes e decides só tem que servir para ti e para os teus... não para os outros.