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Este post já teve vários títulos. Escrevi, apaguei, voltei a escrever e voltei a apagar. Ainda agora, depois de publicado, continuo com dúvidas quanto ao título. Queria algo pequeno e sonante que captasse a atenção dos envolvidos nestas andanças, desde os pais aos profissionais. Até o texto já foi vítima de várias reestruturações. Este tema anda na minha cabeça e no meu computador há uns meses, foi escrito, revisto e reescrito mais de cinco vezes. Aqui vai a sua versão final, o que não quer dizer que não volte a este assunto daqui a uns tempos, mas para já é isto que me vai na alma.

tudo o que eu devia saber na vida (1).jpgNo outro dia compramos umas estantes novas, pois o espaço para os livros já estava a ficar apertado. Quando fiz a mudança dos livros para as suas novas prateleiras, encontrei este: Tudo o que eu devia saber na vida aprendi no jardim de infância (Robert Fulghum, 1988). O que este livro me fez viajar no tempo… Foi-me oferecido por uma educadora de infância quando eu comecei a tirar o meu próprio curso. Lembro-me que o li quase imediatamente com a esperança de quem está a iniciar um curso superior de ali encontrar a respostas para todas as minhas dúvidas. Mas não encontrei! Não é nenhuma obra literária de renome, mas é divertido (se não nos esquecermos do o enquadrar na época do fim dos anos 80) e não me trouxe respostas, mas deu-me que pensar.

Sobretudo, o que este livro me fez reflectir na altura e agora depois de o reler, foi a certeza da importância do jardim de infância na vida das crianças. A certa altura, o autor diz “Tudo o que devo mesmo saber para viver, que fazer e como ser, aprendi-o no jardim de infância. A sabedoria não estava no cume da mais alta montanha, no último ano de um curso superior, mas no recreio da minha escola. Cá estão as coisas que aprendi: partilhar tudo com os companheiros; respeitar as regras do jogo; não bater em ninguém; guardar as coisas nos sítios onde estavam; manter tudo sempre limpo; não mexer nas coisas dos outros; pedir desculpa quando se magoa alguém; lavar as mãos antes de comer; puxar o autoclismo; biscoitos quentes e leite frio fazem bem à saúde; viver uma vida equilibrada: estudar, pensar, desenhar, pintar, cantar, dançar, brincar, trabalhar, fazer de tudo um pouco todos os dias; dormir a sesta todas as tardes; e, ao sair à rua, ter cuidado com o trânsito, dar a mão ao companheiro (…)”

Acho fantástico, resume praticamente tudo! Os pais e encarregados de educação deviam todos ler este pequeno texto e tentar pôr as coisas em perspectiva. Os vossos filhos/educandos, quando vão para o jardim de infância não vão “só” brincar, correr saltar e aprender uma canções. Não é só um sítio onde deixam os filhos umas horas enquanto vão trabalhar. Não é suposto ser um castigo (“tens que te portar bem na escola”); não é suposto ser um substituto da educação parental (“dêem-lhe educação porque nós já não sabemos o que fazer mais”); não é suposto ser um depósito (“vais para a escola porque já não te aguento mais em casa”). As aprendizagens feitas nestes primeiros anos deixam marcas para a vida, por isso querem-se positivas.

É na chamada primeira infância que as crianças desenvolvem as suas competências e ferramentas para o resto da sua vida e a função do jardim de infância (além da indiscutível componente de apoio à família) é ajudar nesse desenvolvimento: “Primeira infância é o nome dado aos primeiros anos de vida, em particular, os cinco primeiros, de um ser humano, que são marcados por intensos processos de desenvolvimento. É uma fase determinante para a capacidade cognitiva e sociabilidade do indivíduo, pois o cérebro absorve todas as informações, as respostas são rápidas e duradouras. Segundo especialistas, as crianças nesta fase precisam de oportunidades e estímulos, para que possam desenvolver cada uma de suas aptidões. Estudos demonstram que é durante a primeira infância que o cérebro humano desenvolve a maioria das ligações entre os neurónios.” (Wikipédia).

Como é que o jardim de infância consegue ajudar? Criando condições próprias e favoráveis ao desenvolvimento das crianças através do seu espaço físico e das actividades desenvolvidas. Sim, as crianças passam o dia a brincar, cantar, dançar, etc. Porque são crianças e é através destas actividades, da rotina diária e das regras da sala que se vão desenvolver, aprender… CRESCER!

Apesar de parecer só brincadeira, a “escola” é um assunto muito sério para as crianças e deve ser encarado como tal. O que se passa lá não deve ser descartado como “coisas de crianças” pois é de extrema importância para os filhos e deve sê-lo para nós como pais também!

Dedico este texto à minha equipa com que trabalhei tantos anos, com quem partilhei as angústias e as alegrias próprias das nossas profissões, com quem ri, chorei, reflecti, aprendi e ensinei... e também a todas as educadoras de infância e auxiliares: que nunca percam a coragem, a força, a imaginação, a criatividade e a capacidade de brincar e imaginar!

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Já não há berços, fraldas, chuchas, biberões, cadeiras de refeição, protecções para as escadas nem nenhum desses apetrechos que fizeram parte da nossa vida durante alguns anos… os suficientes. Mas também já não mãozinhas pequenas e sapudas, cheiro bom a bebé, gracinhas e primeiros passos. Há, isso sim, um menino e uma menina que estão a crescer todos os dias, o que nos deixa muito orgulhosos. E para mim, ser mãe (ou pai, mas falo por mim!) tem tudo a ver com ficar feliz e orgulhosa por os ver crescer em vez de ficar saudosa do tempo em que eram bebés. Gosta particularmente de apreciar as suas aprendizagens e conquistas diárias e o seu desenvolvimento ao passar por todas as etapas que é suposto.

Acho que todapictograma evolução.jpgs as fases dos bebés e crianças têm o seu lado bom e o menos bom. Mas todas têm uma coisa em comum: vão passando e não voltam. Por isso é que eu tento aproveitar ao máximo cada uma das etapas que os meus filhos passam tirando o maior partido delas e preparando-os (e a mim) para a próxima.

Por esta altura já se estão a perguntar o porquê desta conversa toda! Pois eu passo a explicar. Há pouco tempo um casal amigo nosso teve um filho. Fomos lá a casa visitar e era um amor de bebé, que eu peguei ao colo, matei saudades e enchi de beijos. Depois, quando começou a chorar, voltou para o colo da mãe, que foi atender às suas necessidades que eram fome, fralda suja, etc. Enquanto esperávamos que voltassem, comecei a reparar na quantidade de espaço um bebé ocupa numa casa com todos os seus equipamentos e mobiliários. Fez-me lembrar os tempos em que eu tropeçava na cadeira de refeições na cozinha, tinha que tirar a banheira do bebé da frente sempre que queria tomar banho ou nas pilhas de roupa de bebé que tinha constantemente para lavar.

Guardo as memórias na cabeça e no coração (e nas muitas fotografias espalhadas pela casa) mas nunca senti necessidade de guardar lembranças como roupas e objectos de bebés. Essas coisas, dei-as todas aos meus amigos e amigas que tiveram filhos depois de mim com uma condição: levam e não devolvem!

Por isso, se me permitem vou deixar um pequeno conselho: aproveitem bem cada momento e cada fase, pois tudo passa. Mas logo a seguir vêm mais momentos e fases que só vamos conseguir aproveitar se tivermos a cabeça e o coração focados naquele momento… e não no anterior!

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Não é que eu seja grande conhecedora de provérbios, mas há uns bem sábios e intemporais. Este encaixa que nem uma luva na situação de que eu vos queria falar hoje: água mole em pedra dura… tanto dá até que fura.

Temos cá em casa dois filhos com um feitio às vezes não muito fácil. Não é que os filhos sejam selvagens ou malcriados, mas são crianças que sabem o que querem e sabem ainda melhor demonstrá-lo (não me entendam mal: ao mesmo tempo são um amor de menina e menino). Dizem que a genética também tem aqui um papel fundamental, mas essa conversa fica para outra altura e vamos ao que interessa hoje.

Tenho dias em que me sinto, e chego a expressá-lo em voz alta, como um autêntico papagaio! Digo as mesmas coisas vezes sem conta e parece que ninguém me ouve: “Come de boca fechada”, “tira os cotovelos da mesa”, “quando chegas a qualquer lado cumprimenta as pessoas, nem que seja ‘bom dia’” (não sou apologista de obrigar a dar beijinhos a toda a gente), “já agradeceste?”… e por aí fora. Sei que estes comportamentos são aprendidos maioritariamente através do exemplo dos pais, mas às vezes é preciso reforçar.

Se há alturas em que ando cheia de força e não me escapa uma situação, há outras em que só me apetece baixar os braços e desistir a pensar “não vale a pena, eles nunca aprendem!”. Aí entra o pai que reforça a educação ou o conselho e não me deixa desistir. Também acontece ao contrário, porque o casamento é mesmo assim, ir dando diariamente força um ao outro, mesmo quando parece que nada adianta.

Apesar de todos os exemplos, de todos os reforços e de todas as explicações, o filho mais novo (diga-se em abono da verdade que estas situações são mais frequentes com ele do que com a filha) às vezes ainda se esconde entre as nossas pernas e se recusa a cumprimentar ou então amarra o burro e não quer agradecer ou faz simplesmente o contrário daquilo que lhe dizemos para fazer. Nessas alturas suspiro para me encher de paciência e lá vou eu ou o pai tentar resolver a situação da melhor forma possível.

No outro dia, ao sair de uma festa de aniversário de um amigo dissemos ao filho para se ir despedir dos pais e do amigo e agradecer. E ele foi…  e disse “adeus e obrigado”! Eu e o pai trocámos um olhar cúmplice e orgulhoso do nosso trabalho e lá saímos os quatro da festa, todos contentes a conversar sobre como correu em vez da habitual conversa de como é importante sermos educados…

Depois desta conversa toda, queria vos deixar algumas ideias que ficaram aqui a pairar na minha cabeça. A primeira é que água mole em pedra dura tanto dá até que fura. Se formos persistentes e consistentes na educação que damos aos nossos filhos, ela fica lá. Apesar de às vezes parecer que não nos ouvem, pode até não ser verdade. Por isso, o importante é não desistir e fazer uma frente unida, ou seja pai e mãe têm que fazer passar as mesmas regras, atitudes e comportamentos. A segunda é que se podemos deixar alguma coisa realmente importante nesta vida para os nossos filhos é uma boa educação e formação (e não me refiro só à escolar), dar-lhes valores cívicos, morais e éticos. Essas vão ser as suas melhores ferramentas para a vida.

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No final do mês de Dezembro e início de Janeiro é quase inevitável fazer resoluções de ano novo. Até agora eu fazia-o durante o mês de Julho e Agosto, por razões profissionais (como já tinha falado num post em Julho). Agora que a minha vida já não se organiza só pelo calendário escolar e devido às mudanças recentes na nossa vida, sinto-me pronta para as inevitáveis resoluções de ano novo.2017.jpg

Todas as resoluções e objectivos para o novo ano são válidos e importantes para quem os estabelece. Este ano tentei estabelecer pequenos objectivos que sejam concretizáveis (se calhar deixo a resolução de perder peso para outra altura…ainda vou pensar nesse assunto). Por isso aqui vão as duas grandes resoluções para este ano.

A nível profissional, o ano passado foi um ano de decisões, de mudanças e de procura de um caminho. Agora sim, encontrei-o. Sei o que quero e por onde quero ir; por isso, é seguir esse caminho sempre em frente, de cabeça erguida e sem medos.

A nível pessoal quero ficar mais em contacto com as pessoas que me são próximas. Há pouco tempo escreveram-me uma mensagem que dizia “deixamo-nos levar pelo ritmo da vida e vamos perdendo o contacto físico. Mas felizmente não perdemos o do coração.” É também por isso que quero deixar o “um dia destes ligo-te” para dar lugar a “vou ligar agora”; substituir o “qualquer dia vamos combinar alguma coisa” com o “vamos beber um café hoje?”. Fazer um esforço para não ser absorvida pelo ritmo da vida e retomar o contacto.

Quando chegar o mês de Dezembro e estiver aqui a escrever o balanço do ano de 2017, quero muito escrever que consegui concretizar as minhas resoluções de ano novo. Vou trabalhar para isso…

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